sexta-feira, 13 de junho de 2025

O transtorno do espectro autista (TEA)

 Ribeirão Preto, 00 de junho de 2025

Aos

Leão ANTONIO CARLOS BITTAR

Ex-Presidente 2013-2014 do Distrito Múltiplo LC

Leão JOSÉ GOMES DUBA DAS CHAGAS

Ex-Presidente 2021-2022 do Distrito Múltiplo LC

Ilustres Companheiros Leões,

Venho à presença dos diletos dirigentes leonísticos, Ex-Presidentes do

Conselho de Governadores do Distrito Múltiplo LC, e membros daquele

Colegiado, pois, com certeza, vocês são as pessoas indicadas para conduzir as

tratativas que vou listar no arrazoado que exponho a seguir.

A Diretoria de Lions Internacional, nos últimos anos, vem procurando

situar o movimento leonístico dentro da modernidade, colocando-o ao

alcance da globalização.

Tempos atrás, sentindo a vontade dos Leões em se multiplicarem além

das fronteiras, oceanos e continentes, e sentindo a vontade de

verdadeiramente mudar nosso mundo, Lions Internacional reuniu nosso

serviço em torno de 5 áreas de necessidade. Foi assim que surgiram nossas

CAUSAS GLOBAIS voltadas para câncer infantil, diabetes, fome, visão e meio

ambiente. Essas causas globais apresentavam e apresentam desafios

significativos para a humanidade, creditando ao nosso movimento uma forma

de enfrenta-los.

Durante o ano leonístico de 2023, apesar de já estar causando impacto

em todo mundo com aquelas cinco áreas de necessidade, Lions Internacional


decidiu oficializar outras 3 causas globais às 5 até então existentes, que são

juventude, serviços humanitários e socorro às vítimas de catástrofes.

Dessa forma, passaram a ser oito as CAUSAS GLOBAIS que o leonismo

oferece para atendimento às necessidades comunitárias em todo mundo,

visando enfrentar a globalização que está à nossa frente.

O transtorno do espectro autista (TEA) é um distúrbio do

neurodesenvolvimento caracterizado por desenvolvimento atípico,

manifestações comportamentais, déficits na comunicação e na interação

social, padrões de comportamento repetitivos e estereotipados, podendo

apresentar um repertório restrito de interesses e atividades.

Os sinais de alerta no neurodesenvolvimento da criança podem ser

percebidos nos primeiros meses de vida, sendo o diagnóstico estabelecido

por volta dos 2 a 3 anos de idade, e a prevalência maior é registrada no sexo

masculino.

A identificação de atrasos no desenvolvimento, o diagnóstico oportuno

de TEA e encaminhamento para intervenções comportamentais e apoio

educacional na idade mais precoce possível, pode levar a melhores resultados

a longo prazo, considerando a neuroplasticidade cerebral.

Segundo o “Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais –

DMS-5” (referência mundial de critérios para diagnósticos), pessoas dentro

do espectro podem apresentar déficit na comunicação social ou integração

social (como nas linguagens verbal ou não verbal e na reciprocidade

socioemocional) e padrões restritos e repetitivos de comportamento, como

movimentos contínuos, interesses fixos e hipo ou hipersensibilidade a

estímulos sensoriais. Segundo especialistas, todos os pacientes com autismo

partilham estas dificuldades, mas cada um deles será afetado em

intensidades diferentes, resultando em situações bem particulares. Apesar

de ainda ser chamado de autismo infantil, pelo diagnóstico ser comum em

crianças e até bebês, os transtornos são conceitos permanentes que

acompanham a pessoa por todas as etapas da vida.

O tratamento oportuno com estimulação precoce deve ser preconizado

em qualquer caso de suspeita de TEA ou desenvolvimento atípico da criança,

independentemente de confirmação diagnóstica.


As causas do TEA, pelo que se publica, não são totalmente conhecidas,

e a pesquisa científica sempre concentrou esforços no estudo da

predisposição genética, analisando mutações espontâneas que podem

ocorrer no desenvolvimento do feto e a herança genética passada de pais

para filhos. No entanto, já há evidências de que as causas hereditárias

explicariam apenas metade do risco de desenvolver TEA. Fatores ambientais

que impactam o feto, como estresse, infecções, exposição a substâncias

tóxicas, complicações durante a gravidez e desequilíbrios metabólicos teriam

o mesmo peso na possibilidade de aparecimento do distúrbio.

A etiologia do espectro autista, pelo que se divulga, ainda permanece

desconhecida. Evidências científicas apontam que não há uma causa única,

mas sim a interação de fatores genéticos e ambientais. A interação entre

esses fatores parece estar relacionada ao TEA, porém é importante ressaltar

que “risco aumentado” não é o mesmo que causa fatores de risco ambientais.

Os fatores ambientais podem aumentar ou diminuir o risco de TEA em

pessoas geneticamente predispostas. Embora nenhum desses fatores pareça

ter forte correlação com aumento e/ou diminuição dos riscos, a exposição a

agentes químicos, deficiência de vitamina D e ácido fólico, uso de substâncias

(como ácido valpróico) durante a gestação, prematuridade (com idade

gestacional abaixo de 35 semanas), baixo peso ao nascer, gestações

múltiplas, infecção materna durante a gravidez e idade parental avançada são

considerados fatores contribuintes para desenvolvimento do TEA.

Evidências indicam influência de alterações genéticas com forte

herdabilidade, mas trata-se de um distúrbio geneticamente heterogêneo que

produz heterogeneidade fenotípica (características físicas e comportamentais

diferentes, tanto em manifestação como em gravidade). Apesar de alguns

genes e algumas alterações estarem sendo estudadas, os especialistas da

área ressaltam que não há nenhum biomarcador específico para TEA.

O diagnóstico de TEA é essencialmente clínico, feito a partir das

observações da criança, entrevistas com os pais e aplicação de instrumentos

específicos. Instrumentos de vigilância do desenvolvimento infantil são

sensíveis para detecção de alterações sugestivas de TEA, devendo ser

devidamente aplicados durante as consultas de puericultura na “Atenção

Primária da Saúde”. O relato/queixa da família acerca de alterações no

desenvolvimento ou comportamento da criança tem correlação positiva com

confirmação diagnóstica posterior, por isso, valoriza o relato/queixa da

família e é fundamental durante o atendimento da criança.


Manifestações agudas podem ocorrer e, frequentemente, o que se

consegue é observar são sintomas de agitação e/ou agressividade, podendo

haver auto ou heteroagressividade. Estas manifestações ocorrem por

diversos motivos, como dificuldade em comunicar algo que gostaria, alguma

cor, algum incômodo sensorial, entre outros. Nestes momentos é

fundamental tentar compreender o motivo dos comportamentos que os

profissionais observam, para então propor estratégias que possam ser

efetivas. Dentre os procedimentos possíveis os profissionais especialistas

indicam: estratégias comportamentais de modificação do comportamento,

uso de comunicação suplementar e/ou alternativa como apoio para

compreensão/expressão, estratégias sensoriais, e também procedimentos

mais invasivos, como contenção física e mecânica, medicações e, em algumas

situações, intervenções em unidades de urgência/emergência.

O TEA é resultado de alterações físicas e funcionais do cérebro e está

relacionado ao desenvolvimento motor, da linguagem e comportamental.

O TEA afeta o comportamento da criança, e que, os primeiros sinais

podem ser notados em bebês nos primeiros meses de vida. No geral, uma

criança com transtorno de espectro autista pode apresentar os seguintes

sinais: 1) Dificuldade para interagir socialmente, como manter o contato

visual, identificar expressões faciais e compreender gestos comunicativos,

expressar as próprias emoções e fazer amigos; 2) Dificuldade na

comunicação, caracterizado por uso repetitivo da linguagem e dificuldade

para iniciar e manter diálogo; 3) Alterações comportamentais, como manias,

apego excessivo a rotinas, ações repetitivas, interesse intenso em coisas

específicas e dificuldade de imaginação.

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5

rotula estes distúrbios como um espectro justamente por se manifestarem

em diferentes níveis de intensidade. Uma pessoa diagnosticada como de

grau 1 de suporte apresenta prejuízos leves, que podem não a impedir de

estudar, trabalhar e se relacional. Um indivíduo com grau 2 de suporte tem

um menor grau de independência e necessita de algum auxílio para

desempenhar funções cotidianas, como tomar banho ou preparar sua

refeição. Já o autista com grau 3 de suporte vai manifestar dificuldades

graves e costuma precisar de apoio especializado ao longo da vida.


Por outro lado, o diagnóstico de TEA pode ser acompanhado de

habilidades impressionantes, como facilidade para aprender visualmente,

muita atenção aos detalhes e à exatidão, capacidade de memória acima da

média e grande concentração em uma área de interesse específica durante

um longo período de tempo.

Assim, cada indivíduo dentro do espectro vai desenvolver o seu

conjunto de sintomas variados e características bastantes particulares, e tudo

isso vai influenciar como cada pessoa se relaciona, se expressa e se comporta.

Embora ainda não tenha cura, o TEA pode ser tratado de inúmeras

formas. Com apoio de uma equipe multidisciplinar (diferentes profissionais),

a criança pode desenvolver formas de se comunicar socialmente e de ter

maior estabilidade emocional.

Nenhuma criança com TEA pode ser discriminada em função de suas

dificuldades ou impedida de frequentar qualquer lugar público. NENHUMA

CRIANÇA PODE SER EXCLUÍDA DA ESCOLA!

Existem diversos sinais de alerta para se detectar o autismo. A

orientação dos profissionais de saúde é para que os pais, professores e/ou

responsáveis procurem auxílio médico quando observarem alguns dos

seguintes sinais: 1) Pouco contato visual (a criança não olha quando é

chamada pelo nome ou não sustenta o olhar); 2) Não interagir com outras

pessoas (por exemplo: não interage com outras pessoas por meio de

sorrisos); 3) Bebês que não fazem jogo de imitação (os bebês começam a

imitar comportamentos e atitudes por volta dos seis a oito meses de vida;

portanto, deve-se ficar atento quanto à ausência desse comportamento); 4)

Não atender quando chamado pelo nome (a criança pode parecer desatenta,

pois não atende quando é chamada pelo nome); 5) Dificuldade em atenção

compartilhada (não demonstra interesse em brincadeiras coletivas e parece

não entender a brincadeira); 6) Atraso na fala (criança acima de dois anos

que não fala palavras ou frases); 7) Não usar a comunicação não-verbal (não

usa as mãos para indicar algo que quer; 8) Comportamentos sensoriais

incomuns (se incomoda com barulhos altos, por vezes colocando as mãos nos

ouvidos diante de tais estímulos, não gosta de toque de outras pessoas,

irritando-se com abraços e carinhos; 9) Não brinca de faz de conta (não cria

suas próprias histórias e não participa das brincadeiras dos colegas; também

não usa de brinquedos para simbolizar personagens; suas brincadeiras

costumam ser solitárias e com parte de brinquedos, como a roda de um


carrinho ou algum botão); 10) Movimentos estereotipados (apresenta

movimentos incomuns, como chacoalhar as mãos, balançar-se para a frente e

para trás, correr de um lado para outro, pular ou gritar sem motivos

aparentes. Os movimentos podem se intensificar em momentos de

felicidade, tristeza ou ansiedade).

Não existem pesquisas efetivas sobre a prevalência do autismo em

todos os países do universo, não havendo, portanto, possibilidade de se

avaliar com certeza qual o número de pessoas portadoras do transtorno do

espectro autista em todo mundo. O que existe são divulgações esparsas do

que a mídia nos dá notícia. Nos Estados Unidos, por exemplo, que é um país

considerado essencialmente estatístico, não existem dados oficiais. Mesmo

lá, onde dizem que a pesquisa sobre autismo é atualizada a cada dois anos,

não existem dados oficiais. Ainda recentemente foi divulgada naquele país

uma pesquisa que considerou apenas crianças com exatos 8 anos de idade,

quando foi encontrado um número de 1 em cada 36 crianças naquela faixa

etária, o que significa 2,8% da referida população. No Brasil e nos demais

países do mundo não existem dados ou estatísticas a respeito. Aqui em

nosso país, pelo que se divulga esporadicamente, é que a população de

crianças autistas tem aumentado significativamente nos últimos anos,

principalmente na rede escolar primária.

O autor desta mensagem é absolutamente leigo na matéria e, por isso,

para organizar este texto com as considerações acima necessitou contar com:

observações técnicas formalizadas por profissionais envolvidos com o

assunto; análise de entrevistas concedidas por responsáveis especializados;

e leitura e considerações exaradas por técnicos envolvidos com o espectro

autista.

A síndrome do transtorno do espectro autista, principalmente em

crianças, tem aumentado em uma velocidade espantosa em todo mundo.

Levando em conta que Lions Internacional, principalmente através de

projetos que estão sendo desenvolvidos e aprovados pela LCIF-Fundação

Internacional de Lions Clubes, tem demonstrado acentuado interesse por esta

causa que vem assolando a população mundial de forma avassaladora, tomei

a iniciativa de preparar e apresentar à apreciação do Lions Clube ao qual

pertenço, e com base nas considerações acima, um projeto de recomendação

(moção) encimado pela seguinte ementa: “RECOMENDA QUE A DIRETORIA

INTERNACIONAL INCLUA O TRANSTORNO DO ESPÉCTRO AUTISTA COMO UMA


DAS CAUSAS GLOBAIS DA ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DE LIONS CLUBES”.

A proposta foi aprovada pela assembléia do meu Clube, tendo sua Diretoria,

em consequência, a encaminhado para apreciação e aprovação da XXV

Convenção Distrital do LC-6, realizada em abril de 2024. A comissão técnica

do referido evento deu parecer favorável à proposta e a encaminhou para

apreciação dos Delegados credenciados pelos Clubes, que a aprovaram por

unanimidade.

Depois disso, embora nada tenha sido comunicado oficialmente (como

sempre!), tive algumas informações extra-oficiais:

1) O Governador 2023-2024 do Distrito LC-6, o então DG Ronald

Eduardo Tristão, informou, também em “off”, que sua Governadoria

encaminhou meu projeto para a Diretoria 2023-2024 do DMLC,

conforme determina o artigo 32 do Estatuto do Distrito LC-6.

2) Não existe notícia oficial, salvo melhor juízo, se o DMLC recebeu a

proposta, mas o DG Ronald garantiu que isso ocorreu.

3) Também não houve notícia se o DMLC aprovou a proposta durante

sua XXV Convenção do Múltiplo, realizada em maio de 2024, embora

o DG Ronald, também no particular, tenha informado que isso de

fato ocorreu.

4) Tampouco houve qualquer informação se o DMLC encaminhou a

proposta para Lions Internacional. Se enviou, quando e através de

qual meio?

5) E Lions Internacional? Recebeu a proposta? Fez alguma

confirmação? O DMLC fez algum controle do encaminhamento ou

cobrou algum retorno de Lions Internacional.


É impressionante como os órgãos superiores do leonismo, em sua

grande maioria, se abstém de dar retorno aos interessados das propostas que

lhe são enviadas. Isso é uma terrível falha que existe em nosso movimento!

Os assuntos são enviados ou solicitados, ficam por lá mesmo e muitas vezes

caem no esquecimento. E isso é uma desconsideração inaceitável. Ninguém

dá retorno! Ninguém cobra nada! E o barco vai por aí...


Este é um apelo que faço aos dois ilustres Ex-Presidentes do Conselho

de Governadores do Distrito Múltiplo LC, Bittar e Duba: que levem o assunto

aqui tratado para a próxima reunião do Colegiado do DMLC e cobrem os

responsáveis.

Caso a diretoria do ano anterior do DMLC não tenha informações

concretas para prestar, que o assunto seja assumido pela diretoria atual.

Pretendo, com este posicionamento, tão somente que o importante

projeto não morra ou caia no esquecimento.

Conto com a gentileza e atenção de vocês para o assunto e, a fim de

não perder a oportunidade para aquilo que estou reclamando, aguardo

retorno.

Esclareço que estou encaminhando o texto desta mensagem para

conhecimento de eventuais interessados

Um grande e fraterno abraço.


PDG MJF ANTONIO DOMINGOS ANDRIANI

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