O HINO NACIONAL BRASILEIRO E SEU
ENVOLVIMENTO COM A HISTÓRIA
PDG MJF ANTONIO DOMINGOS ANDRIANI (*)
O Hino Nacional faz parte integrante do protocolo leonístico,
principalmente durante nossas Reuniões e Convenções Distritais, bem como nos eventos
oficiais dos Distritos Múltiplos.
Levado pela curiosidade, e
dentro daquela que julgo ser minha missão de garimpeiro do leonismo, procurei
vasculhar os arquivos na busca de dados que revelassem um pouco da bonita
história deste que é um dos símbolos do Brasil, e descobri coisas
interessantes.
Muitos brasileiros,
infelizmente, ainda desconhecem os nomes dos autores da melodia e da letra do
Hino Nacional: Francisco Manuel da Silva
(música) e Joaquim Osório Duque Estrada (letra). Aliás, quanto aos autores, NEM ELES MESMOS SE
CONHECIAM. Ficou surpreso? O fato é este: o autor da melodia, Francisco Manuel da
Silva, jamais conheceu o autor da letra, Joaquim Osório Duque Estrada, pela
simples razão de que quando o primeiro morreu (1865), o segundo ainda nem tinha
nascido (1870).
O registro também chamou
minha atenção. E dentro da minha
garimpagem, encontrei explicação para o fato em uma coletânea que foi publicada
pelo Distrito LC-10 no ano leonístico 2003-2004, de cujos registros estou me
valendo em parte, resumindo e repassando para os eventuais interessados.
O conhecimento do Hino
Nacional talvez fosse mais abrangente se houvesse uma maior divulgação dos
momentos históricos que envolveram sua melodia e sua letra.
Segundo a coletânea
referida acima, a história do nosso hino começa num cenário parecido com um
certo momento da vida de um dos maiores gênios da música universal, o austríaco
Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791), que foi perseguido (e invejado) pelo
italiano Antonio Salieri (1750-1825), o músico mais influente na corte vienense
da época. Aqui, o papel equivalente ao
de Salieri era desempenhado pelo maestro Marcos Portugal, mestre lusitano da
Capela Imperial ao tempo de D. Pedro I, enquanto o padre José Maurício Nunes
Garcia (1767-1830) e seus discípulos seriam entre nós o equivalente a Mozart.
Nos anos seguintes à
Independência proclamada em 07 de setembro de 1822, o imperador D. Pedro I
alternou acertos e erros que, com o passar dos anos, criaram um clima de
animosidade entre ele e os brasileiros.
O primeiro passo teria ocorrido na noite da Independência, no Teatro
Ópera de São Paulo, quando fez entoar, como hino da nova pátria, aquele que tem
letra de Evaristo Ferreira da Veiga (Já
podeis da pátria filhos / Ver contente a mãe gentil / Já raiou a liberdade / No
horizonte do Brasil). A melodia é
atribuída ao próprio D. Pedro I, mas na época havia forte suspeita de que o
autor verdadeiro fosse o antipatizado maestro Marcos Portugal.
Entre os músicos
brasileiros, especialmente o brilhante e impetuoso Francisco Noel da Silva,
discípulo do padre José Maurício, existia indisfarçada rejeição àquele hino que
só os portugueses cantavam. Os
sentimentos contra o imperador chegaram ao ponto máximo no dia 07 de abril de
1831, quando ele finalmente resolveu abdicar em favor do seu filho ainda
criança, o futuro D. Pedro II. Alguns
dias depois, em 13 de abril, quando D. Pedro I e seus seguidores mais fiéis
(inclusive Marcos Portugal) embarcaram rumo a Lisboa, diante do cais músicos
brasileiros tocaram pela primeira vez a melodia de Francisco Manuel da Silva
que se tornaria eterna como a do nosso Hino Nacional. Só que a letra daquele dia louvava o 07 de
abril da abdicação e, em dado momento, referia-se aos portugueses como
monstros.
Além dessa, insultuosa aos
portugueses, a melodia de Francisco Manuel da Silva recebeu várias outras
letras, adequadas a diferentes ocasiões, como a coroação de D. Pedro II (em
1841), mas eram versos pobres, pouco inspirados. Era, de todo modo, a melodia que o brasileiro
solfejava, quando perguntado sobre o Hino Nacional.
Na Proclamação da República
(15 de novembro de 1889), os novos dirigentes do Brasil encomendaram ao maestro
Carlos Gomes um Hino Nacional que ficasse como definitivo. Admirador e amigo do imperador deposto, que o
sustentara em sua evolução musical na Itália, o grande Carlos Gomes declarou-se
impedido de atender à solicitação. Os
novos republicanos decidiram então promover concurso, em que os candidatos
criariam melodia para os versos de Medeiros e Albuquerque. Isto foi sacramentado e publicado no Diário
do Comércio do Rio de Janeiro, em 26 de novembro de 1889.
Em primeiro lugar ficou a
melodia do farmacêutico Ernesto Fernandes de Souza, mas a mais aplaudida foi a
do maestro Leopoldo Miguez. Presente à
sessão, no Teatro Santana, o presidente Deodoro da Fonseca declarou sua
preferência pela melodia de Francisco Manuel da Silva, que nem entrara no
concurso – mas acabou sendo oficialmente escolhida, conforme decreto lido ali
mesmo pelo ministro do Interior, Aristides Lobo. A composição de Leopoldo Miguez e Medeiros e
Albuquerque ficaria então como o Hino da Proclamação da República.
Faltava, de todo modo, a
letra para a melodia de Francisco Manuel da Silva, como lembrou o romancista
Coelho Neto em 1906, ao propor à Câmara dos Deputados a escolha de um novo
poema. A proposta foi aprovada e se escolheu,
em 1909, a letra do poeta, escritor e ensaísta Joaquim Osório Duque
Estrada. A oficialização do casamento
entre os versos de Duque Estrada com a melodia de Francisco Manuel da Silva
somente ocorreria mais de dez anos depois, em 1922, no solene Centenário da
Independência, por decreto assinado pelo então presidente Epitácio Pessoa.
Passaram-se quase cem anos,
portanto, entre a primeira execução da melodia (1831) e sua forma final como
Hino Nacional (1922). Foi, sem a maior
sombra de dúvidas, um caso raro de resistência ao tempo.
Os fatos que reportei acima
são relativos à parte histórica do Hino Nacional Brasileiro.
Agora, atualmente, na parte
prática da execução do Hino, ainda existem inúmeras discrepâncias que são
observadas no seu dia-a-dia, inclusive entre nós, Leões e Domadoras,
especialmente no que diz respeito à observação do protocolo leonístico. São falhas que chegam denegrir a imagem do
hino pátrio. E elas são muitas! Mas, somente para exemplificar, vou tentar
comentar uma delas:
POR QUE OLHAR PARA A
BANDEIRA QUANDO SE CANTA O HINO NACIONAL BRASILEIRO?
Vou exarar um ponto
de vista que poderá causar polêmica e, quiçá, muita pancadaria para cima de
mim. Só que tenho opinião formada a
respeito e a mantenho! E não mudo minha
opinião!
Lei
é lei, respeito é respeito, protocolo é protocolo.
O Brasil possui
quatro símbolos oficiais: o Brasão, o
Selo, o Hino e a Bandeira.
É
comum e protocolar, em alguns eventos leonísticos, como nas Convenções e
Reuniões Distritais, cantar-se o Hino Nacional e a primeira estrofe e coro do
Hino à Bandeira.
Quando
se canta o Hino à Bandeira (primeira estrofe e coro), é dever cívico dos
presentes (mesa dirigente e plenária) voltar-se respeitosamente para o Pavilhão
Nacional, pois o canto está sendo entoado em sua homenagem.
Agora,
o que não consigo entender até hoje, em mais de quarenta e seis anos de vida
leonística, é porque, quando se canta o Hino Nacional, em qualquer solenidade,
uma grande parte dos nossos Companheiros-Leões, Companheiras-Leões e Domadoras
ainda se voltam para a Bandeira do Brasil.
Ora, o que está se cantando é o Hino Nacional e não o Hino à
Bandeira. Poderá algum contestador
argumentar que isso é sinal de respeito ao Pavilhão Nacional. Assim não entendo. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra
coisa. Respeito é uma coisa e falta de
respeito é outra coisa.
Tome-se
por exemplo quando o Hino Nacional é executado antes de uma partida de futebol
nos dias de hoje. Os jogadores, muitos
sem qualquer respeito, ficam perfilados olhando para a Bandeira do Brasil. Uns não cantam, outros ficam mascando
chicletes, cuspindo, olhando para os lados e até coçando partes íntimas do
corpo. Sem falar nos torcedores, que
ficam pulando e fazendo algazarra o tempo todo.
Onde está o respeito? E não
venham me dizer que futebol é cultura brasileira e diferente de uma solenidade leonística. O hino não está sendo executado? Então o respeito deve ser geral e em todos os
lugares. Ademais, em campo de futebol
executa-se o Hino Nacional. Então, por
que os jogadores olham para a Bandeira?
O Hino Nacional não tem nada a ver com a Bandeira do Brasil.
Quando
se canta o Hino à Bandeira, todos devem voltar-se para o Pavilhão
Nacional. Quando se canta o Hino
Nacional, cada um deve se manter em posição de respeito e olhando para frente: os componentes da mesa dirigente para a
plateia, e esta para a mesa dirigente.
Este
é meu ponto de vista que, repito, não mudo!
Fiz a pesquisa, e o breve resumo aqui exposto, em homenagem
àqueles Companheiros-Leões, Companheiras-Leões e Domadoras que, eventualmente,
tenham interesse em se alongar pelo menos um pouco no conhecimento do nosso
glorioso Hino Nacional.
Um fraterno abraço
leonístico a todas e a todos
(*) Associado
do Lions Clube de Ribeirão Preto-Jardim Paulista (LC-6)
Ex-Governador
1997-1998 do Distrito L-17 (atual LC-6)
Membro
da AGDL-Associação dos Governadores dos Distritos Múltiplos ”L” Brasil
Confrade
da APLIONS-Apaixonados por Lions
E-mail: andriani.ada@gmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário