Ribeirão Preto, 00 de junho de 2025
Aos
Leão ANTONIO CARLOS BITTAR
Ex-Presidente 2013-2014 do Distrito Múltiplo LC
Leão JOSÉ GOMES DUBA DAS CHAGAS
Ex-Presidente 2021-2022 do Distrito Múltiplo LC
Ilustres Companheiros Leões,
Venho à presença dos diletos dirigentes leonísticos, Ex-Presidentes do
Conselho de Governadores do Distrito Múltiplo LC, e membros daquele
Colegiado, pois, com certeza, vocês são as pessoas indicadas para conduzir as
tratativas que vou listar no arrazoado que exponho a seguir.
A Diretoria de Lions Internacional, nos últimos anos, vem procurando
situar o movimento leonístico dentro da modernidade, colocando-o ao
alcance da globalização.
Tempos atrás, sentindo a vontade dos Leões em se multiplicarem além
das fronteiras, oceanos e continentes, e sentindo a vontade de
verdadeiramente mudar nosso mundo, Lions Internacional reuniu nosso
serviço em torno de 5 áreas de necessidade. Foi assim que surgiram nossas
CAUSAS GLOBAIS voltadas para câncer infantil, diabetes, fome, visão e meio
ambiente. Essas causas globais apresentavam e apresentam desafios
significativos para a humanidade, creditando ao nosso movimento uma forma
de enfrenta-los.
Durante o ano leonístico de 2023, apesar de já estar causando impacto
em todo mundo com aquelas cinco áreas de necessidade, Lions Internacional
decidiu oficializar outras 3 causas globais às 5 até então existentes, que são
juventude, serviços humanitários e socorro às vítimas de catástrofes.
Dessa forma, passaram a ser oito as CAUSAS GLOBAIS que o leonismo
oferece para atendimento às necessidades comunitárias em todo mundo,
visando enfrentar a globalização que está à nossa frente.
O transtorno do espectro autista (TEA) é um distúrbio do
neurodesenvolvimento caracterizado por desenvolvimento atípico,
manifestações comportamentais, déficits na comunicação e na interação
social, padrões de comportamento repetitivos e estereotipados, podendo
apresentar um repertório restrito de interesses e atividades.
Os sinais de alerta no neurodesenvolvimento da criança podem ser
percebidos nos primeiros meses de vida, sendo o diagnóstico estabelecido
por volta dos 2 a 3 anos de idade, e a prevalência maior é registrada no sexo
masculino.
A identificação de atrasos no desenvolvimento, o diagnóstico oportuno
de TEA e encaminhamento para intervenções comportamentais e apoio
educacional na idade mais precoce possível, pode levar a melhores resultados
a longo prazo, considerando a neuroplasticidade cerebral.
Segundo o “Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais –
DMS-5” (referência mundial de critérios para diagnósticos), pessoas dentro
do espectro podem apresentar déficit na comunicação social ou integração
social (como nas linguagens verbal ou não verbal e na reciprocidade
socioemocional) e padrões restritos e repetitivos de comportamento, como
movimentos contínuos, interesses fixos e hipo ou hipersensibilidade a
estímulos sensoriais. Segundo especialistas, todos os pacientes com autismo
partilham estas dificuldades, mas cada um deles será afetado em
intensidades diferentes, resultando em situações bem particulares. Apesar
de ainda ser chamado de autismo infantil, pelo diagnóstico ser comum em
crianças e até bebês, os transtornos são conceitos permanentes que
acompanham a pessoa por todas as etapas da vida.
O tratamento oportuno com estimulação precoce deve ser preconizado
em qualquer caso de suspeita de TEA ou desenvolvimento atípico da criança,
independentemente de confirmação diagnóstica.
As causas do TEA, pelo que se publica, não são totalmente conhecidas,
e a pesquisa científica sempre concentrou esforços no estudo da
predisposição genética, analisando mutações espontâneas que podem
ocorrer no desenvolvimento do feto e a herança genética passada de pais
para filhos. No entanto, já há evidências de que as causas hereditárias
explicariam apenas metade do risco de desenvolver TEA. Fatores ambientais
que impactam o feto, como estresse, infecções, exposição a substâncias
tóxicas, complicações durante a gravidez e desequilíbrios metabólicos teriam
o mesmo peso na possibilidade de aparecimento do distúrbio.
A etiologia do espectro autista, pelo que se divulga, ainda permanece
desconhecida. Evidências científicas apontam que não há uma causa única,
mas sim a interação de fatores genéticos e ambientais. A interação entre
esses fatores parece estar relacionada ao TEA, porém é importante ressaltar
que “risco aumentado” não é o mesmo que causa fatores de risco ambientais.
Os fatores ambientais podem aumentar ou diminuir o risco de TEA em
pessoas geneticamente predispostas. Embora nenhum desses fatores pareça
ter forte correlação com aumento e/ou diminuição dos riscos, a exposição a
agentes químicos, deficiência de vitamina D e ácido fólico, uso de substâncias
(como ácido valpróico) durante a gestação, prematuridade (com idade
gestacional abaixo de 35 semanas), baixo peso ao nascer, gestações
múltiplas, infecção materna durante a gravidez e idade parental avançada são
considerados fatores contribuintes para desenvolvimento do TEA.
Evidências indicam influência de alterações genéticas com forte
herdabilidade, mas trata-se de um distúrbio geneticamente heterogêneo que
produz heterogeneidade fenotípica (características físicas e comportamentais
diferentes, tanto em manifestação como em gravidade). Apesar de alguns
genes e algumas alterações estarem sendo estudadas, os especialistas da
área ressaltam que não há nenhum biomarcador específico para TEA.
O diagnóstico de TEA é essencialmente clínico, feito a partir das
observações da criança, entrevistas com os pais e aplicação de instrumentos
específicos. Instrumentos de vigilância do desenvolvimento infantil são
sensíveis para detecção de alterações sugestivas de TEA, devendo ser
devidamente aplicados durante as consultas de puericultura na “Atenção
Primária da Saúde”. O relato/queixa da família acerca de alterações no
desenvolvimento ou comportamento da criança tem correlação positiva com
confirmação diagnóstica posterior, por isso, valoriza o relato/queixa da
família e é fundamental durante o atendimento da criança.
Manifestações agudas podem ocorrer e, frequentemente, o que se
consegue é observar são sintomas de agitação e/ou agressividade, podendo
haver auto ou heteroagressividade. Estas manifestações ocorrem por
diversos motivos, como dificuldade em comunicar algo que gostaria, alguma
cor, algum incômodo sensorial, entre outros. Nestes momentos é
fundamental tentar compreender o motivo dos comportamentos que os
profissionais observam, para então propor estratégias que possam ser
efetivas. Dentre os procedimentos possíveis os profissionais especialistas
indicam: estratégias comportamentais de modificação do comportamento,
uso de comunicação suplementar e/ou alternativa como apoio para
compreensão/expressão, estratégias sensoriais, e também procedimentos
mais invasivos, como contenção física e mecânica, medicações e, em algumas
situações, intervenções em unidades de urgência/emergência.
O TEA é resultado de alterações físicas e funcionais do cérebro e está
relacionado ao desenvolvimento motor, da linguagem e comportamental.
O TEA afeta o comportamento da criança, e que, os primeiros sinais
podem ser notados em bebês nos primeiros meses de vida. No geral, uma
criança com transtorno de espectro autista pode apresentar os seguintes
sinais: 1) Dificuldade para interagir socialmente, como manter o contato
visual, identificar expressões faciais e compreender gestos comunicativos,
expressar as próprias emoções e fazer amigos; 2) Dificuldade na
comunicação, caracterizado por uso repetitivo da linguagem e dificuldade
para iniciar e manter diálogo; 3) Alterações comportamentais, como manias,
apego excessivo a rotinas, ações repetitivas, interesse intenso em coisas
específicas e dificuldade de imaginação.
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5
rotula estes distúrbios como um espectro justamente por se manifestarem
em diferentes níveis de intensidade. Uma pessoa diagnosticada como de
grau 1 de suporte apresenta prejuízos leves, que podem não a impedir de
estudar, trabalhar e se relacional. Um indivíduo com grau 2 de suporte tem
um menor grau de independência e necessita de algum auxílio para
desempenhar funções cotidianas, como tomar banho ou preparar sua
refeição. Já o autista com grau 3 de suporte vai manifestar dificuldades
graves e costuma precisar de apoio especializado ao longo da vida.
Por outro lado, o diagnóstico de TEA pode ser acompanhado de
habilidades impressionantes, como facilidade para aprender visualmente,
muita atenção aos detalhes e à exatidão, capacidade de memória acima da
média e grande concentração em uma área de interesse específica durante
um longo período de tempo.
Assim, cada indivíduo dentro do espectro vai desenvolver o seu
conjunto de sintomas variados e características bastantes particulares, e tudo
isso vai influenciar como cada pessoa se relaciona, se expressa e se comporta.
Embora ainda não tenha cura, o TEA pode ser tratado de inúmeras
formas. Com apoio de uma equipe multidisciplinar (diferentes profissionais),
a criança pode desenvolver formas de se comunicar socialmente e de ter
maior estabilidade emocional.
Nenhuma criança com TEA pode ser discriminada em função de suas
dificuldades ou impedida de frequentar qualquer lugar público. NENHUMA
CRIANÇA PODE SER EXCLUÍDA DA ESCOLA!
Existem diversos sinais de alerta para se detectar o autismo. A
orientação dos profissionais de saúde é para que os pais, professores e/ou
responsáveis procurem auxílio médico quando observarem alguns dos
seguintes sinais: 1) Pouco contato visual (a criança não olha quando é
chamada pelo nome ou não sustenta o olhar); 2) Não interagir com outras
pessoas (por exemplo: não interage com outras pessoas por meio de
sorrisos); 3) Bebês que não fazem jogo de imitação (os bebês começam a
imitar comportamentos e atitudes por volta dos seis a oito meses de vida;
portanto, deve-se ficar atento quanto à ausência desse comportamento); 4)
Não atender quando chamado pelo nome (a criança pode parecer desatenta,
pois não atende quando é chamada pelo nome); 5) Dificuldade em atenção
compartilhada (não demonstra interesse em brincadeiras coletivas e parece
não entender a brincadeira); 6) Atraso na fala (criança acima de dois anos
que não fala palavras ou frases); 7) Não usar a comunicação não-verbal (não
usa as mãos para indicar algo que quer; 8) Comportamentos sensoriais
incomuns (se incomoda com barulhos altos, por vezes colocando as mãos nos
ouvidos diante de tais estímulos, não gosta de toque de outras pessoas,
irritando-se com abraços e carinhos; 9) Não brinca de faz de conta (não cria
suas próprias histórias e não participa das brincadeiras dos colegas; também
não usa de brinquedos para simbolizar personagens; suas brincadeiras
costumam ser solitárias e com parte de brinquedos, como a roda de um
carrinho ou algum botão); 10) Movimentos estereotipados (apresenta
movimentos incomuns, como chacoalhar as mãos, balançar-se para a frente e
para trás, correr de um lado para outro, pular ou gritar sem motivos
aparentes. Os movimentos podem se intensificar em momentos de
felicidade, tristeza ou ansiedade).
Não existem pesquisas efetivas sobre a prevalência do autismo em
todos os países do universo, não havendo, portanto, possibilidade de se
avaliar com certeza qual o número de pessoas portadoras do transtorno do
espectro autista em todo mundo. O que existe são divulgações esparsas do
que a mídia nos dá notícia. Nos Estados Unidos, por exemplo, que é um país
considerado essencialmente estatístico, não existem dados oficiais. Mesmo
lá, onde dizem que a pesquisa sobre autismo é atualizada a cada dois anos,
não existem dados oficiais. Ainda recentemente foi divulgada naquele país
uma pesquisa que considerou apenas crianças com exatos 8 anos de idade,
quando foi encontrado um número de 1 em cada 36 crianças naquela faixa
etária, o que significa 2,8% da referida população. No Brasil e nos demais
países do mundo não existem dados ou estatísticas a respeito. Aqui em
nosso país, pelo que se divulga esporadicamente, é que a população de
crianças autistas tem aumentado significativamente nos últimos anos,
principalmente na rede escolar primária.
O autor desta mensagem é absolutamente leigo na matéria e, por isso,
para organizar este texto com as considerações acima necessitou contar com:
observações técnicas formalizadas por profissionais envolvidos com o
assunto; análise de entrevistas concedidas por responsáveis especializados;
e leitura e considerações exaradas por técnicos envolvidos com o espectro
autista.
A síndrome do transtorno do espectro autista, principalmente em
crianças, tem aumentado em uma velocidade espantosa em todo mundo.
Levando em conta que Lions Internacional, principalmente através de
projetos que estão sendo desenvolvidos e aprovados pela LCIF-Fundação
Internacional de Lions Clubes, tem demonstrado acentuado interesse por esta
causa que vem assolando a população mundial de forma avassaladora, tomei
a iniciativa de preparar e apresentar à apreciação do Lions Clube ao qual
pertenço, e com base nas considerações acima, um projeto de recomendação
(moção) encimado pela seguinte ementa: “RECOMENDA QUE A DIRETORIA
INTERNACIONAL INCLUA O TRANSTORNO DO ESPÉCTRO AUTISTA COMO UMA
DAS CAUSAS GLOBAIS DA ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DE LIONS CLUBES”.
A proposta foi aprovada pela assembléia do meu Clube, tendo sua Diretoria,
em consequência, a encaminhado para apreciação e aprovação da XXV
Convenção Distrital do LC-6, realizada em abril de 2024. A comissão técnica
do referido evento deu parecer favorável à proposta e a encaminhou para
apreciação dos Delegados credenciados pelos Clubes, que a aprovaram por
unanimidade.
Depois disso, embora nada tenha sido comunicado oficialmente (como
sempre!), tive algumas informações extra-oficiais:
1) O Governador 2023-2024 do Distrito LC-6, o então DG Ronald
Eduardo Tristão, informou, também em “off”, que sua Governadoria
encaminhou meu projeto para a Diretoria 2023-2024 do DMLC,
conforme determina o artigo 32 do Estatuto do Distrito LC-6.
2) Não existe notícia oficial, salvo melhor juízo, se o DMLC recebeu a
proposta, mas o DG Ronald garantiu que isso ocorreu.
3) Também não houve notícia se o DMLC aprovou a proposta durante
sua XXV Convenção do Múltiplo, realizada em maio de 2024, embora
o DG Ronald, também no particular, tenha informado que isso de
fato ocorreu.
4) Tampouco houve qualquer informação se o DMLC encaminhou a
proposta para Lions Internacional. Se enviou, quando e através de
qual meio?
5) E Lions Internacional? Recebeu a proposta? Fez alguma
confirmação? O DMLC fez algum controle do encaminhamento ou
cobrou algum retorno de Lions Internacional.
É impressionante como os órgãos superiores do leonismo, em sua
grande maioria, se abstém de dar retorno aos interessados das propostas que
lhe são enviadas. Isso é uma terrível falha que existe em nosso movimento!
Os assuntos são enviados ou solicitados, ficam por lá mesmo e muitas vezes
caem no esquecimento. E isso é uma desconsideração inaceitável. Ninguém
dá retorno! Ninguém cobra nada! E o barco vai por aí...
Este é um apelo que faço aos dois ilustres Ex-Presidentes do Conselho
de Governadores do Distrito Múltiplo LC, Bittar e Duba: que levem o assunto
aqui tratado para a próxima reunião do Colegiado do DMLC e cobrem os
responsáveis.
Caso a diretoria do ano anterior do DMLC não tenha informações
concretas para prestar, que o assunto seja assumido pela diretoria atual.
Pretendo, com este posicionamento, tão somente que o importante
projeto não morra ou caia no esquecimento.
Conto com a gentileza e atenção de vocês para o assunto e, a fim de
não perder a oportunidade para aquilo que estou reclamando, aguardo
retorno.
Esclareço que estou encaminhando o texto desta mensagem para
conhecimento de eventuais interessados
Um grande e fraterno abraço.
PDG MJF ANTONIO DOMINGOS ANDRIANI