quarta-feira, 23 de setembro de 2015

CL ZÉ DO PEDAL CHEGA AO CHUI


Depois de caminhar 10700km empurrando uma cadeira de rodas, Zé do Pedal chega ao Chuí
Ativista começou a caminhada do Caburaí ao Chuí às margens do Rio Uailã, primeiro rio brasileiro no extremo norte.
Crédito fotos chegada Chui: Wender Duarte Jornal O Momento
Contatos Zé do Pedal: (031) 86003001
Caminhando até 76km por dia, enfrentando chuvas torrenciais e suportando temperaturas de 4 a 40 graus na constante busca de um mundo mais justo e humano baseado na trilogia dos conceitos de igualdade, dignidade e respeito e tentando eliminar barreiras que dificultam à pessoa com deficiência a participarem ativamente da vida social, o ativista mineiro, José Geraldo de Souza Castro, Zé do Pedal, 58, membro do Lions Clube de Viçosa, chegou hoje, ao Chuí - RS, último município a ser visitado, finalizando assim seu projeto: “Extremas Fronteiras – Barreiras Extremas” (Cruzada pela Acessibilidade).
Em sua caminhada, de 10.700km, dando aproximadamente 15 milhões de passos, empurrando uma cadeira de rodas, Zé do Pedal saiu de Uiramutã, Fronteira norte do Brasil com a Venezuela e passou por 20 estados brasileiros: Roraima, Amazonas, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Goiás, Brasília, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Antes de chegar ao Chuí, o ativista fez uma pequena pausa em Santa Vitória do Palmar – RS, onde visitou escolas e foi recebido com festa pela comunidade daquela cidade. Centenas de pessoas se aglomeraram nas calçadas para assistirem e aplaudirem a carreata feita para recebê-lo. Após percorrer as ruas principais do município. Na noite do sábado assistiu no Centro de Tradição Gaúcha (CTG) Rodeio dos Palmares manifestações culturais em comemoração à batalha Farroupilha. No domingo, 20 participou, acompanhado de cadeirantes, alunos da APAE e de Ecoterapia, do desfile comemorativo à batalha Farroupilha, desfilando com a bandeira do Lions Clube.
Na manhã de hoje, segunda-feira, após visitar o prefeito e entregar a proposta do Projeto-Lei de Criação do Conselho dos Direitos da Pessoa Com Deficiência e plantar uma palmeira, simbolizando a Solidariedade entre as pessoas, na Rua Augusto Álvaro de Carvalho, Loteamento José Henrique Martins - bairro modelo de acessibilidade, em presença de autoridades, membros do Lions Clube e alunos de inclusão do município, Zé do Pedal partiu rumo ao Chuí, onde chegou às 17 horas na Praça Vinte e Dois de Outubro (Centro).
Após ser recebido pelo prefeito, presidente da Câmara, vereadores, amigos e membros do Lions Clube e Rotary Clube, Zé do Pedal descerrou uma placa comemorativa à Cruzada Pela Acessibilidade e ato seguido plantou outra árvore em comemoração ao Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência.
À noite, em sessão solene, Zé do Pedal foi homenageado pela Câmara Municipal do Chuí e pela Presidente da Associação Comercial, Industrial, Agropecuária e Serviços, Tereza Rodrigues Teixeira.
Em um discurso emocionado, Zé do Pedal lembrou alguns momentos da longa caminhada que começou dia 10 de fevereiro de 2014 com uma cerimônia simples e na presença de alguns indígenas da Maloca Uiramutã, às margens do Rio Uailã, primeiro rio brasileiro no extremo norte. ´´A parte mais difícil e complicada da caminhada foi cruzar pelo menos 60% da área Indígena Raposa Serra do Sol, em estradas de terra, e o pior, os mais de 700km que separam Boa Vista de Manaus no meio da maior floresta tropical do mundo e enfrentando altas temperaturas que me causou um principio de insolação. O Sertão da Bahia e Norte de Minas também foi difícil e o frio do Sul foi um fator negativo bem diferenciado. Pegar uma temperatura de quatro graus, acompanhado de uma chuva constante não foi fácil. Pior ainda quando se está passando em um lugar onde o próximo restaurante para tomar um cafezinho para aquecer está a 30, 40km de distância”. Lembrou.
Mas Zé do Pedal não lembrou apenas de temperaturas extremas e estradas de terra. Lembrou das barreiras arquitetônicas que estão espalhadas por todas as cidades por onde passou. Porém pior que as barreiras arquitetônicas são as barreiras atitudinais. ´´O cidadão que coloca uma mesa na calçada, coloca lixo, material de construção, estaciona seu carro em frente a uma rampa ou encima da calçada contribui, de maneira negativa, para que o dia-a-dia da pessoa com deficiência seja ainda mais complicado``.
De acordo com o ativista, o projeto, tem como objetivo precípuo entregar, nas Câmaras Legislativas dos Municípios a serem visitados, uma proposta de Projeto-Lei sobre Normas de Acessibilidade e outra para a criação de Conselhos Municipais dos Direitos da pessoa com Deficiência e o de conscientizar as pessoas, principalmente aquelas com poderes de decisão, a terem mais respeito com as pessoas deficientes (hoje em dia podem-se ver pessoas em cadeiras de rodas impossibilitadas de entrar em um banco ou setor publico, por falta de rampas de acesso ou de elevadores). E, projetar uma imagem diferente das pessoas com deficiências que não gere pena, senão Igualdade - Dignidade – Respeito, pois apenas eliminando as barreiras arquitetônicas e sociais que dificultam às pessoas deficientes a participarem ativamente em todos os aspectos da vida social teremos um mundo mais justo e mais humano.  Espero que meu projeto contribua um pouco para que, algum dia, tenhamos um país acessível para todos”. Concluiu Zé do Pedal

Daqui, Zé do Pedal volta para Viçosa - Minas Gerais. Mas antes irá a Viamão – RS, onde amigos mandará celebrar para ele uma missa de Ação de Graças por haver concluído a jornada.
Porque Caburai ao Chui?
Com 1.456 metros de altitude, localizado a 325km de Boa Vista, o Monte Caburaí, o ponto mais extremo ao norte de nosso país. Localizado no município de Uiramutã, dentro do Parque Nacional do Monte Roraima faz fronteira com a República Cooperativista da Guiana. Em 1930, o Marechal Cândido Rondon organizou uma expedição ao Monte Caburaí e chegou a afirmar que se tratava do extremo norte do Brasil, mas mesmo assim, aquelas terras permaneceram por muito tempo esquecidas e o brasileiro aprendeu, erradamente, que o Brasil ia do Oiapoque ao Chui.
Na verdade o ponto mais extremo do país não é o cume do Monte Caburaí, mas sim a nascente do rio Uailã, junto às encostas do Caburaí.
A idéia do projeto nasceu em junho de 2008, durante a viagem rumo a Johanesburgo, quando, na passagem pela cidade de León, no “Caminho Francês”, da rota de peregrinação de Santiago de Compostela, em um dado momento escutei uma voz feminina dizendo: "No puedo" (não posso). Era uma jovem em uma cadeira de rodas tentando subir um pequeno passeio de 15 cm de altura. “Aquela cena me chocou de uma maneira tal que me fez começar a refletir sobre a situação das pessoas com necessidades especiais no meu País, onde, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE-2000) e do Banco Mundial, existem cerca de 24.5 milhões de portadores de alguma forma de deficiência. Em miúdos, 14,5% da população”.
O projeto buscará, ainda, estimular os municípios a promoverem programas de sensibilização sobre as condições das pessoas com deficiências e os seus direitos; conscientizar a população quanto ao respeito em relação às pessoas fisicamente incapacitadas; fomentar em todos os níveis do sistema educativo o respeito ao direito das pessoas com deficiência; incentivar a sociedade à reflexão sobre a realidade dos deficientes, contribuindo, assim, com a redução do estigma, da discriminação e da marginalização das pessoas com mobilidade condicionada e outras deficiências; sugerir normas técnicas, visando à eliminação de barreiras urbanísticas e arquitetônicas nos edifícios públicos e privados, equipamentos coletivos (banheiros, caixa automático, etc.) e via pública; e, chamar à atenção, ao longo dos 10.700km, sobre as barreiras físico-urbanas encontradas em nossas cidades e injustamente impostas aos deficientes.
Quem é Zé do Pedal
145.000km de pedaladas ao redor do mundo
Fotógrafo, técnico em turismo, ativista social, ambientalista e ciclista, o mineiro de Guaraciaba e cidadão honorário de Viçosa, José Geraldo de Souza Castro, realiza, há 30 anos, inusitadas aventuras ao redor do mundo.
A historia do Zé do Pedal começa em novembro de 1981, quando decidiu viajar do Brasil à Espanha, em bicicleta, para assistir a copa do mundo de futebol “Espanha ‘82”, onde a Seleção brasileira, igual que em Joanesburgo, não teve lá muita sorte. E em uma tarde gris, na cidade de Barcelona, o Brasil caia aos pés da Itália, dando adeus ao sonho do Tetracampeonato. A bordo do transatlântico que o levou de volta ao Rio de Janeiro, Zé do Pedal foi sonhando com uma volta ao mundo em bicicleta. Pronto, a partir dai, não parou mais. Daquele longínquo novembro até hoje, visitou 74 paises em cinco Continentes, percorreu 145.000km a “base de pedaladas”, assistiu a três copas do mundo de futebol, passou por quatro guerras civis, enfrentou chuvas monzonicas, terremotos, sobreviveu a cinco furacões. venceu uma maratona, em Lima, Peru. Visitou ilhas paradisíacas e conheceu os sofrimentos de crianças e adultos em campos de refugiados da guerra do Vietnam. Uma guerra absurda, que ao final só deixou destruição e morte. Conheceu a seca, a fome e a miséria dos povos da África e do povo nordestino. Viu sorrisos de crianças brincando as margens do “Velho Chico” e lágrimas nos olhos do barranqueiro ao ver o leito do rio quase seco. Visitou lugares que marcaram a historia, como: Torres Gêmeas, Pirâmides do Egito, Partenon de Atenas, Torre Eiffel, Taj Mahal, a ponte sobre o Rio Kwai-Ai, Torre de Pisa, e tantos outros. Enfim, suas viagens foram grandes aulas de geografia, historia e, principalmente, uma aula de vida.
As viagens, e os projetos sociais, do Zé do Pedal.
- De bicicleta até a Copa do Mundo (1981/1982) - Saindo do Rio de Janeiro, ele atravessou a América do Sul, Central e do Norte, voou até a Inglaterra e foi pedalando pela Europa até a Espanha. Minutos antes da chegada dos jogadores para a Copa de 1982, chegou de bicicleta em frente à concentração da seleção brasileira. Este fato chamou a atenção de jornalistas do mundo inteiro, fazendo-o ganhar notoriedade no Brasil. Foi neste momento que ele recebeu o apelido de Zé do Pedal.
- Volta ao mundo de bicicleta (1983/1986) - Logo que retornou da Espanha, decidiu dar a volta ao mundo de bicicleta. Nesta viagem, divulgou uma campanha de Combate ao Câncer nos 54 países pelos quais pedalou. O fim da aventura se deu no México, onde novamente assistiu a uma copa do mundo de futebol.
Japão em um velocípede (1985) - Durante a “Volta ao Mundo”, cruzou o País do Sol Nascente em um velocípede infantil, enquanto chamava a atenção da mídia para a condição das crianças na Etiópia.
- De Chuí a Brasília em um velocípede (1987) - Após conhecer o mundo, Zé decidiu viajar pelo Brasil. Optou, novamente, pelo velocípede, ecruzou o Brasil para chamar a atenção dos parlamentares constituintes para as condições sub-humanas das crianças do nordeste.
- América do Sul em uma motocicleta (1996) - Em uma motocicleta, percorreu 8 países da América do Sul: Equador, Peru, Chile, Argentina,Uruguai, Brasil, Paraguai e Bolívia. A viagem foi uma comemoração do seu vice-campeonato de motociclismo no Equador.
- Pedalando no Velho Chico (2002) - Viajou por todo o Rio São Francisco, em um barco tipo pedalinho, de Três Marias (MG) até o Pontal do Peba (AL). Nesta viagem, procurou chamar a atenção do país para a poluição do Rio São Francisco.
- Da Liberdade ao Cristo (2004/2005) - Saindo da estátua da liberdade, em Nova Iorque, Zé tinha o objetivo de chegar ao Rio de Janeiro,percorrendo a costa litorânea das Américas em um barco a pedal. Nesta aventura, buscava alertar a comunidade internacional para a poluição das águas do planeta. Entretanto, na cidade de Dzilam de Bravo, no México, 18 meses depois da partida, sua embarcação sofreu danosirreparáveis ao enfrentar o furacão Rita, impedindo o término da viagem. Dos 23 mil quilômetros programados, pedalou cerca de 10 mil.
- Zé do Pedal 50 anos (2007) - Na comemoração de seus 50 anos, construiu uma embarcação a pedal feita com garrafas pet, um quadro debicicleta encontrado em um lixão e algumas barras de aço. Com ela, realizou uma inusitada travessia da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, para chamar a atenção para a poluição das águas e a importância do Protocolo de Kyoto.
- Extreme World (2008/2010) - Em um kart a pedal, viajou da França até a África do Sul. Nesta aventura, de cerca de 17 mil quilômetros,divulgou uma campanha internacional de combate ao Glaucoma e à Catarata em países pobres.
- Projeto atual: “Extremas Fronteiras, Barreiras Extremas” - Cruzada pela Acessibilidade – É uma caminhada, de 10.700km, dando 15 milhões de passos, empurrando uma cadeira de rodas, saindo de Uiramutã, (RR) fronteira norte com a Venezuela, até Chui (RS). Visitando 327 cidades de 20 estados, visando conscientizar o povo brasileiro sobre um dos principais problemas que afetam às pessoas com deficiência: as barreiras arquitetônicas.
Contatos Zé do Pedal: 031-86003001



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